À medida que novas pesquisas revelam que a crise latino-americana de refugiados se intensificará, a comunidade empresarial aceita o desafio

  • Uma pesquisa de 600 refugiados venezuelanos na Colômbia e no Peru mostra que muito mais precisa ser feito para integrar venezuelanos nas economias dos países anfitriões.
  • Com o aumento do número de refugiados nos próximos meses, Hamdi Ulukaya, fundador da Tent Partnership, e Luis Alberto Moreno, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, pedem que mais empresas ajudem os refugiados a se integrarem economicamente em toda a região.
  • 22 empresas, incluindo Airbnb, Telefónica, Teleperformance e Accenture anunciam novos compromissos para ajudar refugiados deslocados na América Latina e no Caribe a construir uma vida melhor.

Nova York, 23 de setembro de 2019 – A Tent Partnership for Refugees e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) se uniram para mobilizar empresas que operam na América Latina e no Caribe a tomarem medidas diante da crise venezuelana de refugiados. Na primeira Cimeira Empresarial Sobre Refugiados da América Latina, 22 empresas, incluindo Airbnb, Telefónica, Teleperformance e Sodexo, anunciaram novos compromissos que levarão empregos a 4.500 refugiados, além de apoio a mais de 2.000 empreendedores refugiados e acesso aprimorado a serviços para mais de 110.000 refugiados.

A iniciativa surgiu quando uma nova pesquisa da Tent Partnership for Refugees, em parceria com a GBAO Strategies, com base em entrevistas com 600 refugiados venezuelanos na Colômbia e no Peru, revelou que os refugiados venezuelanos enfrentam barreiras à integração econômica em seus países anfitriões. Especificamente, as entrevistas revelam que, embora suas necessidades imediatas estejam sendo atendidas, os venezuelanos estão mal-integrados nas economias dos países anfitriões.

Embora quatro em cada cinco refugiados tenham encontrado algum tipo de trabalho, seus salários geralmente são baixos e seus acessos a serviços essenciais, como assistência médica, é limitado. As habilidades dos refugiados também são subutilizadas, com apenas um em cada seis venezuelanos trabalhando na mesma área de atuação que na Venezuela. Além disso, apenas 15% dos venezuelanos na Colômbia têm acesso a serviços bancários – uma barreira fundamental para a integração econômica.

A pesquisa também mostra que os venezuelanos provavelmente continuarão fugindo em grande quantidade da Venezuela. Cerca de 60% relataram que planejam trazer alguns ou todos membros de suas famílias para fora da Venezuela. Além disso, os venezuelanos que já deixaram o país dizem que provavelmente permanecerão deslocados durante muitos anos. Os entrevistados dizem que não voltarão para casa sem uma mudança política, mesmo que a situação econômica melhore.

Com mais ações do setor privado sendo necessárias para conter esta crise, a Tent e o BID reuniram mais de 20 grandes empresas que se comprometeram a contratar refugiados, apoiar empreendedores refugiados e tornar bens e serviços vitais acessíveis aos clientes refugiados [uma lista completa dos compromissos está disponível abaixo].

Luis Alberto Moreno, Presidente do BID, disse: “Acreditamos que o setor privado seja um parceiro essencial em muitos desafios de desenvolvimento, e a imigração não é exceção. Existe uma necessidade urgente de integrar os imigrantes em suas novas economias anfitriās. As empresas têm um papel importante a desempenhar, tanto como prestadores de serviços, quanto empregadores que podem aproveitar as habilidades que os imigrantes trazem para beneficiar as economias locais.”

Hamdi Ulukaya, fundador da Tent Partnership for Refugees e CEO da Chobani, disse: “Recentemente, viajei para a Colômbia para ver com meus próprios olhos e ouvir com meus próprios ouvidos dos refugiados venezuelanos no país. E o que descobri apenas reforçou o que encontrei em todo o mundo: a paixão e a perseverança dos refugiados estão apenas esperando para serem desbloqueadas. Quando dada uma chance, os refugiados tornarão suas empresas mais fortes, inteligentes e rápidas. Mas cabe a nós abrir a porta e oferecer a oportunidade para a dignidade humana.”

Felipe Muñoz, assessor do presidente da Colômbia para a fronteira colombiano-venezuelana, disse: “Além da assistência humanitária, o melhor apoio que podemos dar aos imigrantes é ajudá-los a encontrar um emprego ou a criar um negócio. Nossos esforços estão focados nesse objetivo, para que a imigração não seja mais vista como um fardo, mas como uma oportunidade para nossa economia, nossas empresas e nossos cidadãos.”

Os compromissos assumidos na Cimeira Empresarial Sobre Refugiados da América Latina incluem:

  • A Airbnb compromete-se a apoiar 50 empreendedores refugiados no Brasil, alavancando suas habilidades para oferecer atividades culturais e oficinas para a população local e turistas na plataforma Airbnb Experiences. Além disso, a Airbnb compromete-se a ajudar 1.000 pessoas deslocadas a terem acesso a moradias temporárias no Equador por meio de seu Projeto Casas Abertas, que fornece acomodações de curto prazo gratuitamente para pessoas deslocadas.
  • A Accenture se compromete a apoiar um programa de desenvolvimento de habilidades para 60 refugiados venezuelanos no norte do Brasil, para ajudá-los a encontrarem oportunidades de emprego ou iniciar seus próprios negócios em parceria com a Migraflix, uma ONG que fornece meios de subsistência para refugiados no Brasil. Do grupo que está procurando emprego, a Accenture terá como objetivo contratar refugiados qualificados para seus cargos em aberto ou ajudá-los a encontrar empregos em outras empresas no Brasil. Na Colômbia, a Accenture compromete-se a lançar um projeto de pesquisa com o BID e o governo colombiano para avaliar os desafios enfrentados pelos refugiados que se integram à força laboral e identificar oportunidades para os setores público e privado abordarem essas questões.
  • A Accor compromete-se a contratar 150 refugiados em seus hotéis e operações na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru até 2021. Para garantir sua integração na empresa, a Accor fornecerá treinamento aos funcionários refugiados e treinamento em sensibilidade cultural para seus gerentes. Além disso, a Accor compromete-se a incentivar seus fornecedores, investidores e parceiros na América Latina a tomarem medidas para apoiar os refugiados na região.
  • A Asocolflores, a Associação Colombiana de Exportadores de Flores, compromete-se a contratar 100 refugiados venezuelanos em 2020 durante a alta temporada de produção de flores na Colômbia como teste. Baseando-se no sucesso do teste, a Asocolflores pretende aumentar a contratação para 1.000 refugiados até 2022. A Asocolflores também fornecerá treinamento de sensibilidade para ajudar seus negócios de flores a apoiar a integração de refugiados nas províncias rurais da Colômbia.
  • O Bancamia, um banco colombiano de desenvolvimento social, uma entidade da BBVA Microfinance Foundation, compromete-se a fornecer empréstimos, contas bancárias e produtos de seguros para 200 empresários venezuelanos na Colômbia até 2020. Esses serviços financeiros, combinados com cursos de educação financeira, ajudarão a apoiar o crescimento de pequenas empresas de propriedade venezuelana na Colômbia.
  • O Banesco, um banco no Panamá, compromete-se a ajudar 200 refugiados no Panamá a iniciarem seus próprios negócios por meio do programa Empreendedores Banesco, inclusive fornecendo treinamento de alfabetização financeira, marketing e engajamento de clientes.
  • A Câmara de Comércio de Bogotá, em parceria com outras Câmaras de Comércio da Colômbia, compromete-se a apoiar 780 refugiados venezuelanos e colombianos retornando da Venezuela, para ajudá-los a iniciarem seus próprios negócios na Colômbia até 2022. As Câmaras de Comércio fornecerão apoio por meio de serviços de treinamento e consultoria no estágio de pré-aceleração. Também considerarão as empresas controladas por refugiados mais bem-sucedidas neste grupo para receberem orientação adicional e continuar a expandir estas empresas.
  • A Flores El Trigal, uma empresa colombiana de flores, compromete-se a contratar 100 refugiados venezuelanos em suas fazendas de flores na Colômbia até 2022. Flores El Trigal fornecerá a esses funcionários treinamento em habilidades de floricultura.
  • A ManPowerGroup compromete-se a fornecer emprego aos refugiados no México, trabalhando junto de seus clientes, bem como com o ACNUR, COMAR e Casa Refugiados. A ManPower treinará refugiados para prepará-los para o processo de busca de emprego e também fornecerá assistência jurídica para garantir que eles possam trabalhar legalmente.
  • A Mastercard está utilizando seus produtos e soluções para ajudar as organizações humanitárias e de desenvolvimento para entenderem melhor as necessidades dos refugiados na América Latina. A Mastercard e o Banco Interamericano de Desenvolvimento comprometem-se a avaliar as necessidades de água e saneamento de 1.000 refugiados e membros de sua comunidade anfitriã em La Guajira, Colômbia. Esta informação ajudará a expandir o programa para outros mercados da América Latina que estejam hospedando números elevados de refugiados.
  • A Palliser compromete-se a contratar 100 refugiados em suas fábricas de móveis no México até 2021. Para garantir que os funcionários refugiados estejam preparados, a Palliser estabelecerá um centro de treinamento para refugiados, além de oferecer treinamento de sensibilidade para preparar sua equipe a trabalhar com funcionários refugiados. Além disso, a Palliser fornecerá moradia e assistência médica a preços acessíveis para apoiar a integração dos refugiados na força laboral.
  • A Telefónica compromete-se a fornecer acesso a serviços de telecomunicações a até 10.000 refugiados venezuelanos na Colômbia, inclusive fornecendo pontos de acesso à Internet em abrigos para venezuelanos e oferecendo planos móveis subsidiados.
  • A Sierra Nevada, uma rede colombiana de hamburguerias, compromete-se a contratar 100 refugiados venezuelanos como funcionários em período integral até 2022. Como parte de seu compromisso com a diversidade e a inclusão, a Sierra Nevada também realizará treinamento de sensibilidade para preparar sua equipe a trabalhar com funcionários refugiados e garantir a sua integração na empresa.
  • A Sodexo compromete-se a contratar 300 refugiados até 2020 no Brasil, Chile, Colômbia e Peru. Para garantir seu sucesso na empresa, a Sodexo fornecerá apoio, como treinamento em idiomas e treinamento em desenvolvimento profissional.
  • A Sunshine Bouquet, uma empresa colombiana de flores, compromete-se a contratar 360 refugiados venezuelanos e colombianos que retornam da Venezuela como trabalhadores sazonais em suas plantações e operações na Colômbia até 2020, com o objetivo de contratar 100 funcionários de período integral. A empresa também fornecerá a esses funcionários moradia e transporte para garantir sua integração na empresa e na comunidade colombiana local.
  • A Teleperformance compromete-se a contratar mais 1.100 refugiados venezuelanos em suas centrais de atendimento na Colômbia até 2020 e lhes fornecerá treinamento em operações de atendimento, habilidades pessoais e proficiência em inglês. Esse compromisso amplia os esforços atuais de contratação da Teleperformance na Colômbia, onde a empresa já contratou 900 refugiados venezuelanos.
  • A Aliança para o Empreendedorismo e a Inovação, Corporación Favorita, BID, ACNUR e PNUD comprometem-se a colocar 1.920 refugiados em empregos de tempo integral no Equador até 2022, além de colocarem centenas de outros refugiados em empregos de meio período por meio do projeto “Sin Fronteras”. Essa iniciativa também ajudará 660 refugiados no Equador a abrirem seus próprios negócios.
  • A Ualá, uma empresa argentina de tecnologia financeira, compromete-se a fornecer contas financeiras móveis para 100.000 refugiados venezuelanos nos mercados latino-americanos até 2021. Os refugiados poderão abrir contas via smartphone, podende aceder uma variedade de serviços financeiros, como compras online, transferência de dinheiro, podendo assim criar seu histórico de crédito.
  • A Unilimpio, uma empresa equatoriana que fabrica produtos de limpeza, compromete-se a apoiar 100 empresários refugiados no Equador até 2020, dando-lhes financiamento inicial para iniciarem pequenas empresas de venda de produtos de limpeza. Para ajudar os refugiados a preparar-se para suas funções de vendas, a Unilimpio, em parceria com a HIAS, treinará os refugiados em técnicas de vendas e atendimento ao cliente.
  • A Wix, uma empresa de desenvolvimento de sites, compromete-se a apoiar empreendedores refugiados no Brasil e na Colômbia. Para ajudar os empreendedores refugiados a iniciarem ou expandirem seus negócios, a Wix oferecerá oficinas sobre como criar ou otimizar seus sites para atingirem um público maior e comercializarem melhor seus produtos e serviços.
  • O Conselho Mundial para Refugiados compromete-se a lançar o Fundo de Investimento em Infraestrutura Social: Colômbia (SIIF I), uma instalação combinada de 100 milhões de dólares voltada para habitação, saúde e educação para refugiados e pessoas deslocadas internamente. O Fundo inicial será implementado em colaboração direta com o governo colombiano, com fundos adicionais para a Colômbia arrecadados em fundos futuros. Após o piloto, o objetivo também será replicar essa abordagem em outros países que estejam hospedando um grande número de refugiados.
  • A 17 Asset Management, em parceria com a Refugee Investment Network, compromete-se a lançar o 3IM (a “Iniciativa para Investimentos Inclusivos no México”), uma plataforma e fundo de investimento que promoverá acordos de investimento focados no México. O objetivo do fundo será fornecer retornos financeiros atraentes para seus investidores e contribuir positivamente para a sociedade mexicana, garantindo que um terço dos acordos beneficie os refugiados e suas comunidades anfitriãs, principalmente por meio da criação de empregos.

Para mais informações sobre as experiências dos refugiados venezuelanos na Colômbia e no Peru, leia o relatório completo aqui https://www.tent.org/resources/venezuelan-refugees-colombia-and-peru/.

FIM

Contato com a mídia
Colin Hart, FleishmanHillard
[email protected] | +1 212 453 2360

Sobre a Tent Partnership for Refugees
A Tent Partnership for Refugees, fundada por Hamdi Ulukaya, CEO da Chobani, mobiliza a comunidade empresarial para melhorar a vida e os meios de subsistência de quase 26 milhões de refugiados deslocados de seus países de origem. A Tent acredita que a comunidade empresarial está unicamente posicionada para lidar com a crise global de refugiados, mobilizando redes, recursos, inovação e seu espírito empreendedor. A Tent também acredita que  as empresas têm o maior impacto alavancando suas principais operações de negócios contratando refugiados, integrando-os nas cadeias de abastecimento, e investindo e prestando serviços a eles. A lista completa de mais dos mais que 100 membros da Tent pode ser encontrada aqui. Descubra mais sobre a Tent: www.tent.org.

Sobre o BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento é dedicado a melhorar vidas. Fundado em 1959, o BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e do Caribe. O BID também realiza pesquisas de ponta e presta consultoria em políticas, assistência técnica e treinamento a clientes dos setores público e privado em toda a região. www.iadb.org

Sobre as estratégias do GBAO
O GBAO oferece ampla experiência em pesquisa de opinião e consultoria estratégica em comunicação corporativa, estratégia de marca, relações internacionais e campanhas políticas a todos os níveis de governo. Desde candidatos políticos até pequenas empresas socialmente conscientes e empresas da Fortune 500, até instituições culturais e organizações cívicas, o GBAO conduze pesquisas de qualidade. www.gbaostrategies.com

Metodologia
Os dados desta pesquisa foram coletados por meio de entrevistas pessoais com 600 refugiados venezuelanos na Colômbia e no Peru, realizadas entre 31 de julho e 14 de agosto de 2019.  A pesquisa foi desenvolvida e administrada pelo GBAO e patrocinada pela Tent Partnership for Refugees. As entrevistas foram conduzidas por refugiados venezuelanos com experiência em opinião pública na Colômbia em Bogotá, Medellín, Barranquilla, Cucuta e Rio Hacha e no Peru em Lima, Tacna e Piura.

 

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